Vida

Semear, movimentar, revirar, polinizar... Entre o risco e o desejo, entre a memória e o esquecimento navega a proposta do Bando Cumatê que vem desenvolvendo, desde julho de 2012, atividades que buscam viabilizar a ocupação de espaços públicos, através de ensaios abertos, formações, eventos, cortejos, laboratórios de criação cênica, reuniões e discussões conceituais, imerso na pluralidade e potencialidade constitutivas das manifestações artísticas populares brasileiras, em especial, as nordestinas. 

O grupo tem procurado mergulhar na pesquisa de diferentes manifestações tradicionais da cultura brasileira, estudando e praticando diversos toques, toadas, trupés, danças e encenações característicos do Maracatu de Baque Virado e Cavalo Marinho de Pernambuco, Samba urbano e rural da Bahia, Bumba-meu-boi e Festa do Divino do Maranhão e Reisado de Congo do Ceará. Através do estudo de tais manifestações, o Bando Cumatê busca construir um trabalho autoral que dialogue com as tradições culturais brasileiras e os universos simbólicos e subjetivos em que se inserem na contemporaneidade.

 Sediado no largo de São Lázaro, na cidade de Salvador - Bahia, o Bando Cumatê conta, atualmente, com vinte e cinco integrantes e é um coletivo autônomo, auto-gestionário e libertário. Os ensaios realizados aos domingos são abertos e de livre acesso a toda a população. As reuniões e os laboratórios artísticos que acontecem ao longo da semana têm um cunho mais experimental e contemporâneo, com foco na interdisciplinaridade criativa do grupo. 

O Bando Cumatê busca sempre proporcionar ações formativas educativas e já promoveu encontros e participou de oficinas com mestres de saberes tradicionais das brincadeiras investigadas, como os maranhenses Tião Carvalho (Grupo Cupuaçu - SP), Rosa Reis (LABORARTE – MA), Ribinha de Maracanã e a caixeira Zezé de Menezes e com os pernambucanos Mestre Bernardo (Nação Pernambuco - PE) e Paulinho Sete Flexas (Caboclinho Sete Flexas - PE), além de produzir oficinas com brincadores de várias localidades como Junia Cascaes (Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro – DF), Cristiana Bueno (Caixeiras das Nascentes - SP), a Jonguense Jociara Souza (Barra do Piraí – RJ), Wendel Bigato (Maracatucá – SP) e Juliana Viana (Maracatucá - SP).

O Bando Cumatê proporciona oficinas e vivências de criação e formação artística aos integrantes do grupo, convidados e público em geral, organiza o Cinematê, momento em que são exibidos filmes e documentários e são abertas rodas de conversas e discussão sobre temas propostos. Já promoveu encontros na ilha de Itaparica para fortalecimento de vínculos entre os integrantes do grupo e trocas artísticas e viagens à cidade baiana Nilo Peçanha onde pôde acompanhar os festejos do Zambiapunga e à Brasília – DF para participar do 9° Festival Brasília de Cultura Popular.